segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Um canto qualquer

Em uma esquina qualquer,
Em uma mesa qualquer,
Paira um assunto qualquer
Entre amigos, estes sim, únicos,
De quem só o bem se quer.

Eu nunca traí
[todos bebem, menos um (vai dirigir)
Eu nunca fui traído
[todos bebem, menos um
Eu nunca chorei por alguém
[todos, menos um
Eu nunca tomei a decisão certa
[todos, nenhum

Alguém imita um velho professor.
Alguém recita um poema.
Alguém receita um novo amor.
Alguém esquece um problema.

Peça mais uma porção de batatas,
De coraçõezinhos,
De memórias, estórias,
Saudades, maldades
nos comentários
E uma porção especial de idéias tão geniais quanto irrealizáveis.

Fique tranqüilo,
O som do devedê salvaguarda as confidências
Gritadas ao pé do ouvido,
(Filosóficas incoerências)
Olvidadas nas próximas rodadas por todos, menos um.

Tenho que dizer
Essa lua,
Esse conhaque,
Botam até o diabo comovido como a gente.

Eu amava,
Eu amei.
Eu ainda amo.
Eu não sei.

Todos choram,
Todos riem,
Todos bebem,
Menos um.

“Este aí não precisa de álcool”.

Todos voltam pra casa,
Menos um.
Todos caem no sono,
Menos um.

Dirige alheio à direção

Pelo pára-brisa-caleidoscópio,
Nasce sol por todo lado.
Reina agora o solilóquio.
Sóbrio, é o que mais ficou embriagado.