quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Trablhos de Amor Perdidos - Shakespeare

Quem nunca teve uma desilusão amorosa? Que o tenha feito querer desistir de uma vez dessa besteira de amor, de todos esses “trabalhos de amor perdidos”? Esse é o título da peça de Shakespeare, na qual um rei e três de seus nobres fazem votos de se dedicarem, durante três anos, somente aos estudos, negando-se também aos prazeres e futilidades. A chegada de uma princesa com suas cortesãs e, junto com elas, aquele inconveniente menino arqueiro e míope, força os quatro amigos a trocarem esses votos por um melhor. Eles são instigados pelo rei e seu grito de guerra: “Por São Cupido! Soldados, à batalha!”. Começam então o trabalho da conquista. Um acontecimento trágico acaba por separá-los, tornando seus trabalhos de amor perdidos. Mas a única perda real no amor é quando por medo, ou timidez, ele nunca acontece. É o que defende Byron (o nobre mais a favor de quebrar os votos), quando fala dos que ficam só na teoria: “Os padrinhos terrestres da luz pura, que aos astros sabem dar nomes em messe, não tem nas belas noites mais ventura, do que o pastor que a todos desconhece”.



"BIRON – Quando jurastes estudar, senhores, abjurastes do livro verdadeiro. (...). Milorde, e vós, e vós, como é possível investigar a fundo a alta excelência dos estudos, privados sempre e sempre da beleza de um rosto de mulher? (...) Ora, quando jurastes não ver rosto de mulher, abjurastes simplesmente do uso dos olhos, sim, do estudo, objeto de vosso juramento. Existe, acaso, no mundo algum autor que, como os olhos da mulher nos ensine o que é a beleza? O saber é tão-só o complemento de nós próprios, que se acha onde estivermos. Quando nos belos olhos de uma jovem nos miramos, não vemos, por acaso, também nosso saber? Fizemos voto, milordes, de estudar, mas repudiamos com o juramento os verdadeiros livros. (...) Dos olhos da mulher eu deduzo isto: São eles que irradiam a fagulha viva de Prometeu; as artes todas e os livros eles são, a academia que abrange, explica e nutre o mundo inteiro. Sem eles nada pode haver perfeito."

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